5 perigos econômicos para 2015 e adiante, segundo Roubini

Tempestade no horizonte

São Paulo – Nouriel Roubini já havia passado por FMI, Banco Mundial e Casa Branca quando ganhou fama ao se tornar um dos poucos que previram a crise financeira muito antes que ela se tornasse realidade.

Desde então, o economista turco-americano entrou no circuito de palestras e ganhou o apelido de “Dr. Desastre” por suas previsões frequentemente pessimistas.

Nada mais natural, portanto, que o documento publicado por sua consultoria sobre 2015 fale não em temas e tendências e sim em riscos:

“Não seja enganado por um falso senso de segurança causado pela performance do mercado de ações nos últimos anos. A verdade é que vários riscos permanecem para o sistema econômico e financeiro global, e qualquer um deles pode impactar o crescimento e a estabilidade. Combinados, podem estourar uma nova crise.”

1. A Zona do Euro como força desestabilizadora

A Zona do Euro tem estado relativamente calma no campo financeiro, mas não conseguiu retomar o crescimento, diminuir o desemprego ou afastar o perigo de deflação – e os efeitos disso estão aparecendo na política.

Na Espanha e na Grécia, os partidos anti-euro e anti-austeridade lideram nas pesquisas. Na França, a neo-fascista Marine Le Pen ganha espaço. Enquanto isso, a toda-poderosa Alemanha desacelera mas ainda resiste em gastar mais ou dar o aval para uma nova injeção de recursos via Banco Central Europeu.

O perigo é que sem crescimento e sem inflação, a Europa possa se tornar um novo Japão, e dessa forma não haveria como manter a dívida dos PIGS (Portugal, Itália, Grécia e Espanha) em uma trajetória sustentável.

2. O perigo de implosão da Abenomics

Já faz dois anos que o primeiro-ministro japonês Shinzo Abe chegou ao poder prometendo ressuscitar a economia com três flechas: estímulo fiscal, expansão monetária e reformas estruturais. As duas primeiras foram para frente, mas a terceira não – e os resultados decepcionaram.

O iene se desvalorizou e o mercado de ações explodiu, mas a inflação e o boom das exportações não vieram – as empresas simplesmente aumentaram seus lucros ou investiram em outro lugar. Enquanto isso, o crescimento cedeu diante de um aumento de impostos destinado a conter a dívida explosiva (mais que o dobro do PIB).

3. O complicado reequilíbrio da China

Desde a crise de 2009, a China injetou trilhões e trilhões de dólares na economia que além de não terem sido muito bem utilizados, podem estar criando uma pilha de dívidas insustentável.

Além do mais, a economia do país depende demais do mercado imobiliário, e os preços estão caindo: “a bolha pode ter finalmente explodido”, diz Roubini.

A solução, todo mundo sabe: caminhar de um modelo baseado em investimento para um mais dependente de consumo. O problema é que a cada vez que o crescimento começa a ceder, o país deixa de lado a transição e estimula as mesmas áreas.

E “quanto mais a China empurra o problema com a barriga, maior é a chance de um pouso forçado”, diz o relatório. Uma desaceleração rápida do país afundaria junto com ela o preço das commodities e o crescimento de muitos emergentes – incluindo o Brasil.
4. Os riscos geopolíticos se acumulam

Estado islâmico, crise na Ucrânia, guerra civil na Síria, protestos em Hong Kong, ebola na África… com tanta turbulência acontecendo ao redor do mundo, Roubini está perplexo com a calma dos mercados.

Um problema básico é que eles tem uma dificuldade enorme em precificar o risco de eventos sérios mas de baixa probabilidade que tem o poder de levar abaixo todo o sistema.

“Há um século atrás, os mercados ignoraram alegremente os perigos que levariam à Primeira Guerra Mundial até o verão de 1914. Hoje, eles podem estar ignorando a possibilidade muito real de que os grandes riscos macro e geopolíticos se unam para formar uma tempestade perfeita”, diz o relatório.

5. Dólar forte: um choque para o sistema

Quem acompanha a cotação do dólar já percebeu: ele está subindo, e muito, e não é só no Brasil. Isso acontece porque a moeda americana é um ativo seguro e a economia dos Estados Unidos é a única do mundo desenvolvido que cresce de forma vigorosa.

Europa, Japão e China injetam dinheiro para desvalorizar suas moedas, ganhar competividade e crescer através de exportações enquanto os americanos pensam é em aumentar sua taxa de juros pela primeira vez desde a crise. A dinâmica funciona, mas só até certo ponto, e prejudica quem exporta commodities e depende de financiamento, como o Brasil.

“Com seus níveis de dívida privada e pública, os Estados Unidos não podem se dar ao luxo de se tornarem o consumidor residual gastador da economia global. Então, eventualmente, um dólar muito forte a desestabiliza”, diz o relatório.

Fonte: EXAME
Postado por: Excell Bombas | www.excellbombas.com.br

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